quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Joio Que Queria Ser Trigo

            Neste ano,
            Como em todos os outros,
            Separa-se o joio do trigo.

            Onde me encaixo?
            O que melhor represento?
           
            O prazer é meu!
            Eu sou o joio,
            O que queria ser trigo.
            Uma maçã podre
            A ser separada          
            Para não estragar as demais.

            Tentei ser professor
            Mas odeio o ritual de passagem.
            Sonhei lecionar português,
            Mas detesto gramática,
            Desdenho classes literárias
            E atirei pedras na cruz.

            Enlouqueci de tanto querer ser trigo
            Para no fim ser jogado fora...
            Virar estatística de gráfico
            Aos candidatos á trigo do ano que vem:

            “Nove joios por trigo.”

            Ah, para o inferno!
            Para o diabo vocês e suas leis:
            Eu vou virar soja!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Perfeito Par

Sigo a te procurar
Para a nossa estória começar
Pouco importa se tardar
Pois nunca mais vai terminar

Será que eu posso te encontrar?
Tá tão difícil de esperar
Essa distância é tão ruim
Te ver seria bom pra mim

Diga aonde, eu vou estar
Tu és um rio, eu sou o mar
O teu delta deságua em mim
E assim sendo até o fim

Custava, amor, telefonar?
Dizendo: Amor, vem me buscar
Diria: Amor, vou com prazer
Há muito quis te conhecer

Quando te ver eu vou mostrar
O quanto quis contigo estar
E com mil beijos vou dizer
Que nunca quero te perder

Mas sigo ainda a procurar
Por ti que é meu perfeito par
E ponho-me a devanear
A vida que vamos levar

Enquanto insiste em não chegar
Fico aqui a te esperar
Tão pronto quanto o vasto mar
Para o teu curso abraçar.

Sigo a te procurar
Para a nossa estória começar
Pouco importa se tardar
Pois nunca mais vai terminar.

Auxiliar de Farmácia II ou A Grande Rede

Vendo ilusão...
Vendo sonhos.
Vitória aos vencidos;
Glamour aos esquecidos;
Bondade aos bandidos;
Remédios aos idosos.

Venham e comprem...
Comprem e vivam!

Vendo superpopulação em cápsulas.
Vendo longevidade em creme e loção.
Vendo complexas fórmulas químico-farmacêuticas em pó.
Vendo o sono,
Vendo coisas.
Vocês compram
Indo ao seu médico regularmente.

Vendo a vinda do Messias
E agradeço pelo meu emprego.
Venha louvar e agradecer!
Eu vendo a água benta.

Vendo mel como medicamento.
Engano a todos,
Ludibrio alguns:
Os que anseiam a eternidade,
Os que viverão como anciões.

Porém durmo tranqüilo
Pois faço a compensação:
O que mais vendo é camisinha
- Também controlo a população
Diversas cores e tamanhos,
Diversas formas e canções.

Acalme-se!
Todos vão sobreviver.
E quando chegar a minha hora
Também vou a morte tapear.

Tome Ácido Ascórbico:
Previne a gripe e combate os Radicais Livres.
A Grande Rede agradece!

domingo, 9 de janeiro de 2011

30 de Janeiro de 2005

Hoje eu me sinto um tanto bem
Como hoje eu não poderia estar.
Engraçado é perceber,
E mesmo assim continuar e viver.

Como consigo ser e só ser?
Como posso pensar em não pensar?
Como penso admirar os que não pensam?
Paradoxo ou razão?

Mente?
Pecado?
Perdão!

Ah! Eu só quero dormir.
Foi 2x1 para o tricolor, vou dormir.
Quero acabar a cerveja e dormir.
Dormir é mais difícil no calor
Mas a garrafa teima em não secar.

O que há de errado em sonhar?
O que há de errado em chorar?
Por que as palavras têm acento?
Fo-da-se o correto e o legal!
Fo-da-se o concreto e o real!
Ilícito sou eu e minha sina
É viver pelas bordas do normal e racional.

Eu quero a melhor cerveja!

Morte e vida,
Vida e sorte!
Azar o meu por viver e não conciliar.

Estúpida razão que me permeia e delimita...
Linhas!
Não ultrapasso as linhas!
Dói, machuca e sangra:
Escapa a alma num pedaço de almaço.

Linha!
Por isso ando na linha!
Sigo a risca! Pau mandado!
Risca, linha! Social, democrata!

Ah! Nada disto se aproveita!
Sangue e alumínio se aproveitam.
Córnea e fígado se aproveitam.
Ferro e vidro se aproveitam.

Vale muito o muito pouco.
Muito pouco vale o muito?
Vale muito ou pouco?
E quanto vale um muito louco?

Ladeira abaixo! A vala ao bueiro!
Água, lixo e o real.

Seleção de valas é o que venho apresentar.
Ignorem-me!
Sou apenas mais um.
Dispondo de ganância,
Disputo a atenção de alguns
E não valho o que como ou bebo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As Cores das Janelas

Não queira o fim
Esteja pronta para o amor novamente

E quando você for
Eu sei
Lembrarei da chuva
E esquecerei você.

Eu penso nos meus amigos
Eu penso no fim dos tempos
Eu penso nos shows da TV
E nas cores das janelas.

Eu penso em dor e tristeza
Eu choro então de rir
Não vejo o seu olhar
Nas cores das janelas.

Não queira o fim
Vista-se!
Para ter o amor novamente.

Estou sem você
E você nunca saberá o que senti:
O quanto precisei de você.

No dia em que ela se for,
Esquecerei da chuva
E me lembrarei de você.