terça-feira, 30 de novembro de 2010

Selvageria

A mulher, ao brinco;
O homem, ao gol.

Buscamos todos,
Atingimos, alguns.

A lei da selva
Sem selva não há?

i†Ω‽•€!

Se o trabalho dignifica
Por que não sou digno de nada?

“Bad Server!” O mundo é maior que eu.
Perdoem-me. Estou logado novamente.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Sonho

            Odisséia delirante
            São laços feito nó
            Viagem fascinante
            É uma noite ou um instante
            Quando se sonha só?

            Vem lá do oriente?
            Vem vago feito luz...?
            Seu brilho é inocente
            Quando a mente está dormente
            E a visão se traduz.

            É doce feito o rio?
            Salgado feito o mar?
            É frio e arrepio
            É a vida por um fio
            Traz leveza feito ar.

            Odisséia delirante
            Vem vago feito luz
            Viagem fascinante
            É uma noite ou um instante
            E a visão se traduz.

Anne

A luz de um novo dia amanheceu
E aquele anjo lindo me apareceu
Formando um novo sol, iluminado
Você então surgiu, um ser sagrado.

Mas esse dia anoiteceu
Num tom macabro
Aquela luz escureceu
E eu fui culpado

De novo um novo dia recomeçou
E eu não vi meu anjo, me abandonou
Fugiu da minha ilha numa jangada
Deixando minha vida descontrolada

Então me conquistou
Mulher amada
De nada adiantou
Lutei por nada.

Porem minha sanidade prevaleceu
E todo aquele encanto ali morreu
Fiquei tão descontente e aliviado
Meu medo displicente foi superado

Assim aconteceu
Deu tudo errado
Tua incerteza padeceu
Sobre um reinado

Agora um novo ciclo se iniciou
Todo nosso futuro já se passou
Já vi todas as curvas desta auto-estrada
Conheço os caminhos desta jornada

Logo que começou
Pela alvorada
Senhor Destino anunciou:
Vai ser por nada.

sábado, 27 de novembro de 2010

Sigo

            Sigo.
            Não tenho outra opção.
            Não me deram outra alternativa.
            Não posso voltar.
            Não posso mudar a direção.
            Portanto, sigo.

            Cada dia sigo mais só.
            Nunca encontrei conforto ou companhia que bastasse;
            Por mais que eu tivesse, mais eu queria e,
            No entanto, não bastava, e nunca bastaria.
            Optei por só ser, ser só.
            Assim sigo.
            Sigo só.
            Só e basta.
            Basta assim.

            Sigo só,
            Rodeado de gente feia por todos os lados.
            Feios são, todos.
            Um mais feio que o outro e...
            Surpresa!
            Cada vez sigo mais admirado!
            Nunca os feios ao meu redor foram tão lindos!

            As vezes penso que o feio sou eu...

            As vezes sigo a marcha desenfreada e aleatória
            Marcha esta trilhada pelos que seguem convulsivantes para o buraco.
            Sigo.
            Só sigo.
            Sigo só.
            Só assim consigo.
            Só consigo comigo,
            Comigo só.
            Sigo o frenesi das antas pseudo-esclarecidas.
            Sigo, pois não tenho outra opção.
            Alternativas me foram abnegadas.
            Sou compelido, como a água, a seguir um curso o qual não posso escolher.
            Há uma força como a gravidade que me compele a um único caminho.
            Que me obriga e me causa medo.
            E eu me submeto...
            Submeto-me com medo a seguir,
            Só.

            Sigo o pseudo-intelectual,
            Chamo-o de mestre,
            Recebo suas notas e...
            Sou seu igual...
            Iguaria perecível para o imperecível...
            Massa com miolos desmiolada.
            Condicionada a condicionar o condicionável.
            Aqui estou! Aqui, de joelhos!
            Estupra-me, condição humana!

            Mas de súbito presto atenção naqueles ao redor...
            Como se acordasse de repente de um encanto...
            Sigo seguindo só com muitos outros solitários,
            Conjuntos individuais de coletividades afins...
            Entendo!
            Agora entendo!
            A salvação está para além de marchar para o abismo colossal,
            Esse colosso abissal para o qual
            Estou condenado a condenar o condenável!
            Salvo está aquele que cava tais buracos,
            Cada vez maiores e mais fundos.

            Ah! Eu sei!
            Sei só!
            Só eu sei!
            São grandes toupeiras os salvos!
            E as toupeiras pastoreiam a humanidade
            Que segue só,
            Só e cega,
            Cega e inerte.

            Assim segue a corja,
            Rumo ao abismo sem fim,
            Só seguem sozinhas a todos os outros solitários,
            Para o colosso abissal em forma de um grande umbigo,
            Construídos pelas toupeiras
            Dantescas e, salvas,
            Pastoras da humanidade.

Predestinado ou Sansara ou Nascido Para Morrer

Queria eu ter como destino na vida
Nascer única e exclusivamente para nada:
Nascer, viver e morrer.

Dor demasiada é nascer para algo grandioso
E, no entanto, acumular em longos anos
Uma vida grandiosamente frustrada.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Avenida das Acácias

Avenida das Acácias
Ou das Azaléias, não sei...
Ou Prado de São Paulo talvez...
Só sei que em ti sou menor do que tais flores
E tais flores em ti parecem nunca florescer.

Desfilando por teus bosques
Passeiam tuas iguais
Iguais, de fato
Iguarias, falseadas e cadavéricas
Vagueiam, enforcadas ou degoladas
Escravizadas pelo cifrão.

E é tão somente por elas,
Por estas bestas quase que clonadas
Que existem, hoje, na Avenida das Azaléias
Ou das Acácias, hoje em dia tanto faz
Inexistem as Azaléias, as Acácias, e outras mais.

Ah sereias gemelares de cabelos lambidos e ressecados
Quase que só pele com carcaça, esmalte e loção
Brincos que balançam das orelhas ao chão
Vadias e sedentas recatadas em perversão
Virgens! Todas elas... Mil vezes virgens!
E eu, maldito! Canalha! Quero-as, todas!
Amaldiçoado e sem perdão.

Ah Acácia de Azaléia, Açucena!
Não mais as vejo por aqui!
Onde estão que não as vejo?
Estarão dentro dos tais prédios? Dos mil carros?
Será esta terra um mar estéril de cinza sem vida?

Eu daqui desta avenida,
Ampla e abafada, quente e sem calor
Sou como uma ilha; cercada de gente por todos os lados
Quero morrer para encontrar minha Azaléia;
Quero perecer para encontrar minha Acácia.

Ah eu! Aqui, nesta avenida...
Tenho o mais paulista de todos os corações!

domingo, 21 de novembro de 2010

Infelizmente

Eu sou o que sou,
E sou simplesmente.
Humano que sou,
Eternamente.
Teimoso que sou,
Naturalmente.
Doente em potencial,
Diariamente.
Coveiro na cova,
Inevitavelmente.
Poeira de poeira?
Possivelmente.
Alegria humana...
Infelizmente.

Poema Perdido

Comece com qualquer vogal:
Não vai adiantar mesmo...
É mais complexo do que imagina,
É mais difícil do que parece.

Não é tão fácil assoviar.
É tão complicado quanto rezar.
É assombroso como tentar e conseguir.

Entender é incompreensível.
Compreender é inexplicável.
Explicar é desentender.

sábado, 20 de novembro de 2010

Minuano

Um Minuano se levanta
Voa em qualquer lugar
Hoje eu sinto, a saudade é tanta
Parece congelar.

Sua falta é certa como o frio
Nesses mares do sul
A navalha corta sem ter fio
A ilusão é azul.
O que aquece, cobertor e fogo
Em vão vão me aquecer
Nada se esquece, não se muda o jogo
Eu tento esquecer.

Um Minuano se levanta
Voa em qualquer lugar
Um Minuano em Atlanta
Ou onde quer que eu vá.

Sou para o vento como um pára-raios
Para os clarões do céu
A solidão congela o mês de maio
O exílio é o meu véu.
O frio da cidade abriga
O calor de um coração
Vim esquecer uma paixão antiga
Perdi minha razão.

Um Minuano se levanta
E segue a soprar
Aqui não basta cobertor ou manta:
Tento me acostumar.

O Dom Supremo

Amai a tudo
e a todos...

Amai a tudo
e a todos...

Amai a tudo
e a todos!!!

Amai a todos,
que é tudo.

Um Dia Muito Ruim

Hoje eu mataria mil vezes mil hordas de mil demônios
Mesmo que apenas um deles tivesse mil vezes a minha força vezes mil!
Hoje eu mataria tudo o que tivesse vida
E daria vida ao que não tivesse, só para matar depois.

Hoje eu tenho toda a dor, e toda a raiva, e toda a fúria
Que mesmo mil círculos dos mil infernos não poderiam mil vezes conter
Hoje o que eu mais quero é um canto escuro para agachar e chorar.
Hoje eu condenaria tudo e todos, mais alguns e outros mais...

Hoje eu tenho asas e tenho braços
E tenho pernas e tenho garras
E tenho dentes e tenho chifres
E tenho patas e tenho ódio!

Hoje a minha ira é mais vermelha do que meu sangue
E minha tristeza é tão cinza e suja quanto o paulistano véu
Hoje minha luz é mais enegrecida que a noite e
Mil vezes mais negativa que o zero Kelvin.

Mato um milhão de vidas...?
Liberto uma só...?

É... as coisas caem!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

São Paulo Capital

Vivo em ti a não querer-te,
E inevitavelmente, trato-a com desdém!
Não suporto mais teu cheiro e teu calor
E já não sei como tratar-te bem.
E pensar! Quantas vezes jurei te amar?!
Quantas vezes quis a ti, acima das outras?!
Desde sempre fiz de ti o meu mundo,
Mas hoje, não. Hoje não.
Saibas: Estou deveras apaixonado
E tão abruptamente não é teu meu bem querer.

Não ligas? Ah, realmente, que te importa?!
Menos um dos teus milhões?
Teus de fato ou adotados em teu ventre pútrido?
Mas faço questão que saibas, podre!
Tem dias contados a tua não-vida.
És deprimente em demasia,
És desgraçada e sem perdão.
Tenho-te ódio, repugnância!
E hoje, a única coisa que te quero
É distância.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tristeza [por Gilberto Gonsales]

Não há nuvens no céu
Há demônios ao meu redor...
Todos cantam o hino á glória do futuro
E eu não canto mais.
Estou e necessito do meu ópio
A razão do meu viver.

Só de ópio vive o homem
Das idéias concebidas.
Hoje necessito do que acalma
Talvez da roupa nova
E do dinheiro
Se combinar com alegria.

Hoje louvo a tristeza.
Não cite meu nome
Se enganam quando dizem:
Meu nome é Tristeza
Nasci do Tédio e do Sofrimento
Vocês não imaginam a dor...

Já não quero futuro
Já não passo de um verão
E vai trazer-me a percepção
E dela faço meu viver.
A depressão que me corrói
É a inspiração que me aflora.

CUJA

Quando o concreto é abstrato
E sua massa desprezível
A fórmula mais correta
É seguir a transversal.

A órbita de Plutão:
Um triângulo eqüilátero
De baricentro solar.
Duas estações plenamente definidas.

Literatura é uma ciência
Ou a moda da estação?
Não entendo de catetos
E entender não quero não!

Cento e oitenta graus de poesia
E a meiose para os fatos!
Regrados, perpendiculares...
Graficamente perfeitos.

Adaptados.
Adaptados e alados.
Alados e diplomados.
Diplomados e felizes.

Pronomes interrogativos?
Têm dúvida de quê??
Passado do presente
De presente pra você!

Se o conhecimento é um mar de coisas simples
De mares nunca antes navegados
Naufrago serei eu em ignorância?
Pirata serei eu em seu legado?

Quando o abstrato é concreto
E sua origem puntiforme
O xis da sua questão
É fugir pela tangente.

domingo, 14 de novembro de 2010

O Beija-Flor

            Se eu por um dia então voasse
            Eu o faria com ardor
            Se num passarinho me tornasse
            Eu seria um beija-flor.

            Temeroso em seus planos,
            Sem nenhuma fixa flor:
            Voando distante dos humanos
            Queria ser você, oh beija-flor!

            Se eu por um dia então voasse
            Voaria em êxtase, em glamour...!
            Se num passarinho me tornasse
            Em sonhos, em desejo, beijo a flor.

            Provando do néctar de todas deidades
            Que pudesse no caminho encontrar
            Beijando flores de campos e cidades
            Até você, rósea flor, ir beijar.

O Mundo Dos Que Não me Querem [Para Deri]

Mundo das sombras...
Mundo das sobras...
Mundo das cobras!

Eu já fui vencido
E quem ganhou foi eu.
Eu já fui vendido
E quem lucrou foi eu.

Antes colecionava amigos
Hoje tenho flores num jardim;
O mundo dos que não me querem
Urra e conspira contra mim.

O Falso Poeta

     Eu nunca fui poeta,
     Mas é como se o fosse.
     Escrevo o que sinto
     E sinto intensamente o que escrevo;
     Porém, não sou poeta:
     Descarrego emoções.

     Sou de mentira.
     - Uma mentira até que bem contada.
     Sou feliz por enganar os outros
     Mas a verdade é que é mentira
     E não consigo me enganar.

     Sou um falso profeta
     Que planeja o fim da humanidade!
     Digo o que penso,
     Mas temo o que digo,
     Sem deixar de ser falso.

     Não gosto das coisas falsas,
     E por isso me odeio,
     Sinceramente.

     Não sou um poeta
     E prefiro não ser,
     Mas sou fingidor
     Imitando o poeta.

     Viva!
     Viva a hipocrisia!
     Viva a mediocridade humana!!
     Um viva á poesia!
     Um brinde á sinceridade.