Minha oração era como um choro...
Doía, e eu, sem mais, sentia.
Brotava como lírio,
Crescia como bambu,
Mas murchava feito rosa.
Dois mundos se chocaram
Quando os olhos se encontraram:
Olhos negros, grandes, esquecidos...
Olhar vazio, meigo, impreciso.
Quando busquei atalhos
Encontrei meu caminho.
És criança que ensina a crescer
És adulta de menor idade...
Doce rosa prematura, champanhe
Que em breve ira murchar.
Teus olhos acreditam piamente;
Os meus vêem que a verdade mente.
Cada qual suplica a vida aos teus deuses:
Um deus comum; qualquer um destes...
Consultamos livros;
Prorrogamos datas;
Discutimos orações;
Adormeci, insano!
Enquanto um, cansado, verte-se a chorar,
O teu, preciso, concentra-se em errar.
Olho feito boca que mastiga esfomeado
Idéias, pensamentos e verdades que invento.
Coloca-me uma postura
Que meu eu covarde seguirá.
Diga-me que foi bom ao fim...
Estraga-me em Jeová-Deus;
Amputa-me a opinião,
Estupra-me os pensamentos,
Esporra-me a tua doutrina:
A doutrina de esperar.
Acredite em minhas mentiras:
Amo o deus qual não creio,
Creio no deus qual não amo.
Corta-me as asas
E ensina-me a voar...
Molda-me o perfil,
Escolha-me as roupas.
Compra-me uma Bíblia:
A palavra do senhor!
Corta-me as asas
E ensina-me a voar;
Oh décimo quinto biz!
Após a queda, beija-me a testa:
Entrego-me ao teu mundo.