terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Laís

Onde essa trilha vai dar?
Na mais bela praia do mar?
Ou num rio todo azul?
Ao sul de onde eu cheguei
Há um paraíso sem Rei
Bem no Atlântico Sul

De onde veio não sei
Depois que vi nem notei
Quase que assim a perdi
Mas logo se fez notar
Mais importante que o ar
Só então percebi...

O sinal que veio dos céus
Deus escreveu num papel
Num papel que eu não li
Mas nunca é tarde pra ler
Nunca é tarde pra crer
E voltei a sorrir!

Borboleta rara por sua cor
Natureza em seu esplendor
Mais rica que qualquer país
Raiz de toda a paixão
Senhora do sim e do não
Amor da minha vida: Laís!

Estrela linda do céu
Favo mais doce de mel
Fel da minha frustração
Compaixão porque eu pequei
Um anjo lindo larguei
Eis a minha confissão.

As flores que não te dei
Lacunas que eu deixei
No seu belo coração
Mas posso me redimir
Por isso vou te pedir:
Mãe dos meus filhos, perdão!

Meu erro, enfim, existiu
E seu peito agora é vazio...
Bem-me-quer não mais me quis
Mulher e mãe de valor
Meu peito grita ao amor
Berra: Laís, Laís, Laís!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Recomeço

Engatinhava...
Eu apenas engatinhava
Conhecia o chão,
Só sabia o que eu sabia
E aquilo me bastava.

Uma noite vi o céu
E desejei-o para mim...
Ambicioso, ambicionei:
Queria ele para mim.

Na mesma noite vi alguém,
Alguém que queria ele também;
Que vivia próximo do céu
De pé, quase a tocá-lo...

Apoiei-me nesse alguém;
Meus joelhos, ralados, tremiam...
Eu não me equilibrava bem
Mas meus olhos, fixos, o queriam.

O céu, dono de incontáveis estrelas,
De nuvens de algodão doce...
Era todo azul...
Dono da Lua, de São Jorge e do Dragão.
Era a morada de Deus e dos Anjos..
Da água que repentinamente desabava...

Repentinamente desabei.

O céu subiu ou desci ao chão?
Aquele alguém se afastou...
Desequilibrado me deixou...
Condoído, de joelhos
Quase a implorar
Pelo céu estrelado...
Derrotado, de joelhos...
Engatinhava.

Olhei para mim...
Olhei em volta:
Vi terra,
Vi apoio,
Vi segurança...
Amei o chão
E do chão não mais sai.

Mas hoje o céu está tão bonito...
E o sol brilhou tão forte após a chuva...
Meu joelho ainda dói
E o chão ainda é seguro.

Mas... vi alguém...
Mais próximo do céu do que eu...
Quero alcançar os céus...
Não posso.
Não quero.
Tenho medo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Deus

Ah Deus!
Deus, Deus!
Há Deus.
Há Deus?
Deus!
Há Deus!
Adeus.

Muquifo

Alarmante disparate traz a parati
Traz para ti o gosto afável de ilusão
E traz para mim o desgosto que dei a ti
Quando percebi que esse gosto é razão.

Tive-me entusiasmado, deveras aqui.

E se abriste a porteira, o dia raiou!
E se brilhaste o primeiro feixe alumiado, amanheceu!
A luz que traz o novo dia não tardou:
Ponderou o tempo e tomou o que é seu.

Obscuras trevas, teu matador despertou.

O trabalho enobrece quem quer trabalhar
E Deus não abençoa quem não alvorecer
Logo vejo essa gente com fé madrugar
Enquanto eu venho aqui a adormecer.

Meio martelo há de me bastar.

Água em Mijo [Para Paulo Leminski]

                                               Mas se me pedirem um milagre
                                         Num pisco
                                               Transformo água em mijo
                                         E risco em rabisco.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Joio Que Queria Ser Trigo

            Neste ano,
            Como em todos os outros,
            Separa-se o joio do trigo.

            Onde me encaixo?
            O que melhor represento?
           
            O prazer é meu!
            Eu sou o joio,
            O que queria ser trigo.
            Uma maçã podre
            A ser separada          
            Para não estragar as demais.

            Tentei ser professor
            Mas odeio o ritual de passagem.
            Sonhei lecionar português,
            Mas detesto gramática,
            Desdenho classes literárias
            E atirei pedras na cruz.

            Enlouqueci de tanto querer ser trigo
            Para no fim ser jogado fora...
            Virar estatística de gráfico
            Aos candidatos á trigo do ano que vem:

            “Nove joios por trigo.”

            Ah, para o inferno!
            Para o diabo vocês e suas leis:
            Eu vou virar soja!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Perfeito Par

Sigo a te procurar
Para a nossa estória começar
Pouco importa se tardar
Pois nunca mais vai terminar

Será que eu posso te encontrar?
Tá tão difícil de esperar
Essa distância é tão ruim
Te ver seria bom pra mim

Diga aonde, eu vou estar
Tu és um rio, eu sou o mar
O teu delta deságua em mim
E assim sendo até o fim

Custava, amor, telefonar?
Dizendo: Amor, vem me buscar
Diria: Amor, vou com prazer
Há muito quis te conhecer

Quando te ver eu vou mostrar
O quanto quis contigo estar
E com mil beijos vou dizer
Que nunca quero te perder

Mas sigo ainda a procurar
Por ti que é meu perfeito par
E ponho-me a devanear
A vida que vamos levar

Enquanto insiste em não chegar
Fico aqui a te esperar
Tão pronto quanto o vasto mar
Para o teu curso abraçar.

Sigo a te procurar
Para a nossa estória começar
Pouco importa se tardar
Pois nunca mais vai terminar.

Auxiliar de Farmácia II ou A Grande Rede

Vendo ilusão...
Vendo sonhos.
Vitória aos vencidos;
Glamour aos esquecidos;
Bondade aos bandidos;
Remédios aos idosos.

Venham e comprem...
Comprem e vivam!

Vendo superpopulação em cápsulas.
Vendo longevidade em creme e loção.
Vendo complexas fórmulas químico-farmacêuticas em pó.
Vendo o sono,
Vendo coisas.
Vocês compram
Indo ao seu médico regularmente.

Vendo a vinda do Messias
E agradeço pelo meu emprego.
Venha louvar e agradecer!
Eu vendo a água benta.

Vendo mel como medicamento.
Engano a todos,
Ludibrio alguns:
Os que anseiam a eternidade,
Os que viverão como anciões.

Porém durmo tranqüilo
Pois faço a compensação:
O que mais vendo é camisinha
- Também controlo a população
Diversas cores e tamanhos,
Diversas formas e canções.

Acalme-se!
Todos vão sobreviver.
E quando chegar a minha hora
Também vou a morte tapear.

Tome Ácido Ascórbico:
Previne a gripe e combate os Radicais Livres.
A Grande Rede agradece!

domingo, 9 de janeiro de 2011

30 de Janeiro de 2005

Hoje eu me sinto um tanto bem
Como hoje eu não poderia estar.
Engraçado é perceber,
E mesmo assim continuar e viver.

Como consigo ser e só ser?
Como posso pensar em não pensar?
Como penso admirar os que não pensam?
Paradoxo ou razão?

Mente?
Pecado?
Perdão!

Ah! Eu só quero dormir.
Foi 2x1 para o tricolor, vou dormir.
Quero acabar a cerveja e dormir.
Dormir é mais difícil no calor
Mas a garrafa teima em não secar.

O que há de errado em sonhar?
O que há de errado em chorar?
Por que as palavras têm acento?
Fo-da-se o correto e o legal!
Fo-da-se o concreto e o real!
Ilícito sou eu e minha sina
É viver pelas bordas do normal e racional.

Eu quero a melhor cerveja!

Morte e vida,
Vida e sorte!
Azar o meu por viver e não conciliar.

Estúpida razão que me permeia e delimita...
Linhas!
Não ultrapasso as linhas!
Dói, machuca e sangra:
Escapa a alma num pedaço de almaço.

Linha!
Por isso ando na linha!
Sigo a risca! Pau mandado!
Risca, linha! Social, democrata!

Ah! Nada disto se aproveita!
Sangue e alumínio se aproveitam.
Córnea e fígado se aproveitam.
Ferro e vidro se aproveitam.

Vale muito o muito pouco.
Muito pouco vale o muito?
Vale muito ou pouco?
E quanto vale um muito louco?

Ladeira abaixo! A vala ao bueiro!
Água, lixo e o real.

Seleção de valas é o que venho apresentar.
Ignorem-me!
Sou apenas mais um.
Dispondo de ganância,
Disputo a atenção de alguns
E não valho o que como ou bebo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As Cores das Janelas

Não queira o fim
Esteja pronta para o amor novamente

E quando você for
Eu sei
Lembrarei da chuva
E esquecerei você.

Eu penso nos meus amigos
Eu penso no fim dos tempos
Eu penso nos shows da TV
E nas cores das janelas.

Eu penso em dor e tristeza
Eu choro então de rir
Não vejo o seu olhar
Nas cores das janelas.

Não queira o fim
Vista-se!
Para ter o amor novamente.

Estou sem você
E você nunca saberá o que senti:
O quanto precisei de você.

No dia em que ela se for,
Esquecerei da chuva
E me lembrarei de você.