sábado, 18 de dezembro de 2010

Ouço Vozes

Ouço vozes.
Dizem coisas absurdas:
Elas sempre me perguntam
Onde e como vou morrer.

Ouço vozes.
Ouço vozes, eu repito!
Ouço coisas que não posso
Escutar com os ouvidos.

Ouço vozes.
Que atormentam toda noite
Mas que passam todo o dia
A me entreter e alegrar.

Ouço vozes.
Elas chamam bem baixinho
Mas as vezes os seus gritos
Ensurdecem de assustar.

Ouço vozes.
Sempre quando estou sozinho
E é por isso que sozinho
Eu prefiro ser e estar.

Ouço vozes.
São fantasmas alienados
São cientistas deformados
Por que a vida não parou?

Ouço vozes.
Ouço todas as noites
Correntes e cadeados
Arrastados pelo chão.

Ouço vozes.
São perguntas respondidas
São promessas não cumpridas
Que prometo vez ou não.

Ouço vozes.
Mas maluco não sou não
Maluco é quem vive
Á estas vozes dizer não.

Ouço vozes.
Vozes roucas que ecoam
Vozes poucas que povoam
Esta louca mente sã.

Ouço vozes.
Ouço gritos e gemidos
São farrapos maltrapilhos
Esgueirando-se ao chão.

Ouço vozes.
Ouço odes ao fracasso
Com acordes dedilhados
De um mago fanfarrão.

Ouço vozes.
Ouço, grito, berro e uivo
Logo serro os meus pulsos
E respondo a tal questão.

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