sábado, 27 de novembro de 2010

Sigo

            Sigo.
            Não tenho outra opção.
            Não me deram outra alternativa.
            Não posso voltar.
            Não posso mudar a direção.
            Portanto, sigo.

            Cada dia sigo mais só.
            Nunca encontrei conforto ou companhia que bastasse;
            Por mais que eu tivesse, mais eu queria e,
            No entanto, não bastava, e nunca bastaria.
            Optei por só ser, ser só.
            Assim sigo.
            Sigo só.
            Só e basta.
            Basta assim.

            Sigo só,
            Rodeado de gente feia por todos os lados.
            Feios são, todos.
            Um mais feio que o outro e...
            Surpresa!
            Cada vez sigo mais admirado!
            Nunca os feios ao meu redor foram tão lindos!

            As vezes penso que o feio sou eu...

            As vezes sigo a marcha desenfreada e aleatória
            Marcha esta trilhada pelos que seguem convulsivantes para o buraco.
            Sigo.
            Só sigo.
            Sigo só.
            Só assim consigo.
            Só consigo comigo,
            Comigo só.
            Sigo o frenesi das antas pseudo-esclarecidas.
            Sigo, pois não tenho outra opção.
            Alternativas me foram abnegadas.
            Sou compelido, como a água, a seguir um curso o qual não posso escolher.
            Há uma força como a gravidade que me compele a um único caminho.
            Que me obriga e me causa medo.
            E eu me submeto...
            Submeto-me com medo a seguir,
            Só.

            Sigo o pseudo-intelectual,
            Chamo-o de mestre,
            Recebo suas notas e...
            Sou seu igual...
            Iguaria perecível para o imperecível...
            Massa com miolos desmiolada.
            Condicionada a condicionar o condicionável.
            Aqui estou! Aqui, de joelhos!
            Estupra-me, condição humana!

            Mas de súbito presto atenção naqueles ao redor...
            Como se acordasse de repente de um encanto...
            Sigo seguindo só com muitos outros solitários,
            Conjuntos individuais de coletividades afins...
            Entendo!
            Agora entendo!
            A salvação está para além de marchar para o abismo colossal,
            Esse colosso abissal para o qual
            Estou condenado a condenar o condenável!
            Salvo está aquele que cava tais buracos,
            Cada vez maiores e mais fundos.

            Ah! Eu sei!
            Sei só!
            Só eu sei!
            São grandes toupeiras os salvos!
            E as toupeiras pastoreiam a humanidade
            Que segue só,
            Só e cega,
            Cega e inerte.

            Assim segue a corja,
            Rumo ao abismo sem fim,
            Só seguem sozinhas a todos os outros solitários,
            Para o colosso abissal em forma de um grande umbigo,
            Construídos pelas toupeiras
            Dantescas e, salvas,
            Pastoras da humanidade.

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