terça-feira, 23 de novembro de 2010

Avenida das Acácias

Avenida das Acácias
Ou das Azaléias, não sei...
Ou Prado de São Paulo talvez...
Só sei que em ti sou menor do que tais flores
E tais flores em ti parecem nunca florescer.

Desfilando por teus bosques
Passeiam tuas iguais
Iguais, de fato
Iguarias, falseadas e cadavéricas
Vagueiam, enforcadas ou degoladas
Escravizadas pelo cifrão.

E é tão somente por elas,
Por estas bestas quase que clonadas
Que existem, hoje, na Avenida das Azaléias
Ou das Acácias, hoje em dia tanto faz
Inexistem as Azaléias, as Acácias, e outras mais.

Ah sereias gemelares de cabelos lambidos e ressecados
Quase que só pele com carcaça, esmalte e loção
Brincos que balançam das orelhas ao chão
Vadias e sedentas recatadas em perversão
Virgens! Todas elas... Mil vezes virgens!
E eu, maldito! Canalha! Quero-as, todas!
Amaldiçoado e sem perdão.

Ah Acácia de Azaléia, Açucena!
Não mais as vejo por aqui!
Onde estão que não as vejo?
Estarão dentro dos tais prédios? Dos mil carros?
Será esta terra um mar estéril de cinza sem vida?

Eu daqui desta avenida,
Ampla e abafada, quente e sem calor
Sou como uma ilha; cercada de gente por todos os lados
Quero morrer para encontrar minha Azaléia;
Quero perecer para encontrar minha Acácia.

Ah eu! Aqui, nesta avenida...
Tenho o mais paulista de todos os corações!

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